quarta-feira, 30 de março de 2022

 

O Brasil tem condições de ter uma ótima educação pública básica:

 No início dos anos 80, o Brasil a Coreia do Sul tinham o PIB per capita e IDH similares, ambos absurdamente baixos. O coreano era ainda mais baixo E compartilhavam da mesma carência de e na educação formal básica.

 Nessa época, a Coreia, ainda empobrecida, já estava quase recuperada dos efeitos dramáticos e destrutivos da guerra com a Coreia do Norte, nos anos 50 (que envolveu ainda os EUA, a URSS e a China). E observava bem perto de si o exemplo do Japão pós-guerra (mundial) que se tornara, na época, mais ou menos o que a China é hoje, uma fera econômica e industrial, cujos capitais ameaçavam até a hegemonia econômica dos EUA. Mas o Japão não era belicoso, pois fora desarmado pelos EUA depois de perder a guerra do pacífico. Então, a Coreia, no início dos anos 80, se espelhou no modelo de desenvolvimento do Japão.

 Seguindo uma renovação social e política, ela iniciou um amplo projeto de desenvolvimento do país, um projeto SÉRIO, que tinha como pilar principal a implantação de uma extensa, abrangente e parruda política pública de educação, pensada como indispensável para o projeto desenvolvimentista ter sucesso.

 Já, o Brasil dos anos 80 (e seguintes), ficou na mesmice da condução na educação (como em tudo, com raros voos de galinha): politiqueira e coronelesca, o nosso velho conhecido 'enrolation'.

 O resultado é o que se sabe hoje: a Coreia do Sul é atualmente uma potência econômica com altíssimo PIB per capita e IDH, pra não mencionar sua educação pública e particular, que figuram no topo de qualquer ranking.

 E, o Brasil.... continua estagnado lá atrás, depois de mais de 3 décadas perdidas, com sua educação básica precaríssima, assim como na saúde, na infraestrutura, na mobilidade, saneamento etc... Da mesma forma, o PIB per capita, o IDH e a distribuição de renda brasileiros ficaram no atoleiro da sequência de uma ditadura militar e, depois, governos civis indiferentes aos destinos da nação. Houve progressos, como a universalização dos anos 90 e 2000, mas com o velho paradoxo da quantidade x qualidade que nada acrescentava ao país. Pois, a baixa qualidade do ensino que foi implementada, carecia de uma ampla política pública de educação, bem planejada. articulada e executada.

 Isso vale pra TODOS, independente de cores, matizes ou partidos. Salvo honrosas e históricas exceções, que só confirmam.

Não é tão difícil copiar o exemplo coreano na educação. Ou o israelense, ou o irlandês.

Não falta dinheiro público reservado para a educação nas LOAs - leis orçamentárias anuais no Brasil (os orçamentos públicos), nem ações previstas no PPAs (Planos Plurianuais - de desenvolvimento, que são as Diretrizes, Objetivos e Metas e que elencam os programas e projetos dos executivos) no Brasil, nas diversas esferas da administração. A LOA e o PPA são ótimos instrumentos de planejamento e operacionalização do Governo.

O Brasil gasta 5,4% do PIB na educação. Isso, no ranking entre as maiores economias (da OCDE), deixa o Brasil em um ótimo 6º lugar, atrás apenas de Suécia, Bélgica, Islândia, Finlândia e Noruega em gastos como percentual do PIB.

Ou seja, não é pouco o dinheiro que está reservado na LOA e no PPA para a educação. Mas, historicamente, os recursos não são bem executados, e a grana pública acaba sendo mal investida por essas bandas...seguindo interesses vetustos.

Tá na hora de mudar esse histórico.

Como disse, não é difícil nem faltam recursos.

O que falta é vontade política e vergonha na cara dos governantes de plantão...sim, o ensino básico está praticamente universalizado, mas é de muito baixo padrão. Afinal, manter a população com uma educação parca, insuficiente e semianalfabeta, sendo a educação de qualidade reservada apenas a uma reduzida casta nas escolas particulares, serve a muitos interesses vetustos (como já citei) e bem enraizados, infelizmente...interesses obscuros e escusos!

Aí perguntam: pra quê os políticos querem entrar no governo federal (e estadual, e municipal) se não sabem como resolver a educação?. Me permito uma opinião não tão original....Resposta: ENRIQUECER às custas da res publica e dizer que estão fazendo alguma coisa "pelo povo", pra receber mais votos e se manterem no poder 'ad nauseum'.

quinta-feira, 10 de março de 2022

Carta para minha prima da Ucrânia


Olá, muito obrigado pelas notícias. Estou muito aliviado e feliz que nossa prima e sua família estejam deixando a zona de guerra na Ucrânia. Espero que gostem de Israel e façam uma aliá definitiva.

Sobre a guerra, não gosto de falar ou discutir, mas vou falar sobre minhas visões e opiniões sobre o assunto, já que você mencionou. Não quero falar muito sobre essa guerra (sim, a guerra de Putin contra o povo ucraniano). Você é de lá, conhece muito bem a situação, tem opiniões sobre esse tema muito diferentes das minhas. Mas respeito suas opiniões. Então vou falar rápida e superficialmente sobre a guerra. Não pretendo discutir.

Sou contra qualquer guerra, acho que tudo pode ser resolvido pela diplomacia e pela negociação. E a primeira baixa de qualquer guerra é sempre a verdade, como disse Bismarck.

Acompanho as notícias, análises e resenhas em todos os meios ocidentais, brasileiros, americanos, europeus e um pouco da mídia russa e ucraniana também. Eu também faço algumas pesquisas.

Vejo a Ucrânia como uma democracia, que pode ter suas falhas, mas é uma democracia plena. E a democracia não é um sistema perfeito, mas, na minha opinião, é o menos pior dos sistemas de governo. Zelensky pode ser um extremista de direita, mas foi eleito em eleições limpas pela maioria do povo ucraniano (eleições livres reconhecidas por todas as instituições internacionais). Isso deve ser respeitado. Se eles querem que ele seja substituído, isso deve ser feito na próxima eleição, após um processo de conscientização do povo ucraniano.

Tanto a Rússia como a Ucrânia têm pouca experiência com sistemas democráticos. Mas, no momento, apenas a Ucrânia é uma democracia. A Rússia é uma oligarquia corrupta, cujo ditador autocrático é Putin. Sim, ele foi eleito, mas sua eleição é sempre fraudada. A Rússia prende e oprime a oposição a Putin, e a imprensa é censurada, como se sabe.

Os neonazistas existem na Ucrânia, na Rússia e aqui no Brasil também. Não é novo: cossacos, pogroms, Babi Yar e assim por diante. É um problema muito difícil e abjeto. Mas não é com guerras ou ditaduras que esse problema é tratado. É com a lei, a polícia, a justiça e a organização, o ativismo e as manifestações populares.

A Ucrânia não invadiu nenhum país. Não deve ser invadido por um poder externo e punir o povo ucraniano. É muito sofrimento. Putin usa a desculpa de combater o suposto neonazismo de Zelensky e a suposta ameaça da OTAN para colocar em prática seus planos ditatoriais e imperiais (Mãe Rússia). Mas a Ucrânia é um país soberano, e se ela quer fazer parte da OTAN e da UE, o problema é dela. Ele diz que a Ucrânia "não existe", mas foi o Principado de Kiev (capital da Ucrânia) dos século XIII que deu origem à própria Rússia.

Neste momento, aqui no Brasil, também temos um presidente eleito de extrema-direita. Mas eu não gostaria que os EUA invadissem o Brasil para acabar com ele. Acho que cabe ao povo brasileiro ter consciência e votar em outro candidato melhor na próxima eleição. Em 1964, os EUA, junto com a direita brasileira, fizeram isso e colocaram uma ditadura militar de direita assassina no Brasil que durou 25 anos, tudo para impedir que a esquerda tomasse o poder aqui.

O problema de Putin não é a direita na Ucrânia, nem se está se aproximando da OTAN, da UE ou dos EUA. O problema para Putin é ter, ao lado dele, um país que era seu irmão, dando o exemplo de como uma ex-república soviética pode ser totalmente DEMOCRÁTICA, potencialmente rica e voltada para o oeste.

E parece que Putin aproveita a situação para colocar em prática seus planos de retomar o Império Soviético (Russo), e ter a Rússia como potência nuclear hegemônica em um mundo bipolar, novamente.

Lembro-me dos tempos da Guerra Fria e como ela chegou ao fim.

A URSS entrou em colapso em 1991, nada tomou seu lugar. Era impensável que a potência nuclear soviética desaparecesse nas brumas e os EUA reinassem sozinhos no mundo. Durou 31 anos e Putin quer restaurar a polaridade com um novo império com ecos russos, soviéticos ou "putinescos".

Lembro que o processo de implosão da URSS começou quando Gorbachev decidiu ser pragmático, reconhecendo sua incapacidade de enfrentar a alta tecnologia que Reagan (e o Ocidente) queria inserir nos sistemas de guerra americanos (a iniciativa Star Wars).

Gorbachev então negociou o desarmamento e o fim da Guerra Fria com Reagan, e fez a Glassnost e a Perestroika, que desmantelaram o império soviético.

Agora vem Putin que quer reconquistar esse espaço, com a conivência da China, que só pensa em seus interesses comerciais e financeiros. Putin gasta 20% do dinheiro do povo russo no exército e armamentos, dinheiro que ele tira de escolas e hospitais. Isso não é sustentável a longo prazo, a economia russa não suportará essa sobrecarga por muito tempo e sucumbirá, como fez a antiga URSS.

  O Brasil tem condições de ter uma ótima educação pública básica:   No início dos anos 80, o Brasil a Coreia do Sul tinham o PIB per capi...